Setembro Amarelo é oportunidade para falar ainda mais sobre saúde mental
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. O principal objetivo da campanha é a conscientização da sociedade sobre a prevenção do suicídio.
A data é uma oportunidade para falar ainda mais sobre a saúde mental, a importância de entender e lidar com as emoções e as formas de se cultivar uma boa saúde emocional, além da correlação dela com o trânsito.
A psicóloga clínica Luciana Carvalho Rocha, especialista em suicídio e comportamentos auto-lesivos, cuidados paliativos e luto, destaca a importância da data, mas pontua que o tema deve ser tratado o ano todo. “A gente precisa falar sobre suicídio e saúde mental sempre. É importantíssimo debater também sobre a psicofobia e, assim, desmistificar as doenças mentais, contribuindo para que as pessoas entendam que elas são mais comuns do que pensam.”
Em sua visão, mais do que mostrar as estatísticas e chamar atenção para o assunto, é imprescindível apresentar casos de pessoas que estavam muito mal, com ideação suicida, e que conseguiram reverter a situação. “Ao escutar alguém, ao perceber que uma pessoa pode estar pensando em suicídio, é importante não julgar, encaminhá-la e acompanhá-la a um profissional especializado. A escuta de um amigo, por exemplo, pode ajudar, mas é necessário tratamento profissional”.
Em relação ao tráfego, a especialista lembra que 20% dos acidentes de trânsito são suicídios. “Na verdade, se uma pessoa não está bem, se ela tem um adoecimento mental, o fato de ela estar dirigindo acaba colocando em risco a sua vida e a de outras pessoas. É importante entender, ainda, que por trás do alcoolismo, que muitas vezes é uma causa de morte, tem uma doença, provavelmente uma depressão ou outra comorbidade. É preciso cuidar da saúde mental para ter condições de dirigir, de estar no trânsito de forma consciente!
A especialista pontua que o adoecimento mental ocorre da mesma forma que o adoecimento de um outro órgão. “Não é diferente, então porque o tratamento seria diferente? A pessoa precisará da ajuda de um profissional atento, que entenda sobre saúde mental e, principalmente, desse trabalho de prevenção e pósvenção ao suicídio. Ele vai saber falar e orientar de forma responsável”.
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